COMPARTILHANDO
E RESSIGNIFICANDO VITÓRIAS
Estas frases poderiam ter sido ditas por qualquer grande atleta de alto rendimento. Um medalhista ou uma campeã mundial, alguém que já perdeu as contas de quantas medalhas guarda em casa. Mas elas saíram da boca de jovens entre 18 e 23 anos que repensam e ressignificam dia após dia o que é vencer, reconhecendo o poder do esporte para além dos limites das quadras, campos e pistas.
"Desde cedo eu sofria com a ansiedade, fazia tratamento. Foi o projeto Vida Corrida que me ajudou. O esporte me salvou e me fez sonhar novamente"
O Luiz Gustavo de Oliveira Diniz não levantou centenas de troféus ou rodou o mundo em grandes competições, mesmo assim comemora cada passo dado como se fosse o último ponto de uma grande decisão. Nascido e criado no Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, o estudante de administração sabe como poucos, aos 21 anos de idade, que as vivências do esporte ajudam a encarar as barreiras que a vida coloca no caminho.
"Durante a pandemia eu ficava o dia todo deitado, sem vontade de fazer nada. Graças ao esporte, eu ouvi pela primeira vez que tinha potencial e ali encontrei meu propósito de vida"
Assim como o Luiz Gustavo, a Daniela da Silva Divino, de 23 anos, também faz parte do grupo de 21 jovens autodeclarados pretos ou pardos que ingressou na faculdade através de uma parceria entre a Nike e o CIEE. Aluna e monitora do Instituto Esporte e Educação (IEE) durante a adolescência, ela cresceu no bairro do Jaguaré, na Zona Oeste de São Paulo. Incentivada pelos educadores que sempre a acompanharam, escolheu o curso de Educação Física e hoje trabalha ao lado daqueles que tanto a inspiraram. Primeira pessoa da família a cursar o ensino superior, hoje é a Daniela que pode oferecer para tantos outros jovens da sua região a possibilidade de sonhar.
"Eu tinha essa expectativa da faculdade, mas era algo muito distante para mim. Me sinto super envolvida e o sentimento é de pertencimento. Quero poder levar esse sonho para as crianças do meu bairro"
Assim como a preparação pra grandes competições, a jornada universitária aqui tem a duração de quatro anos e garante, além da bolsa integral de estudos, auxílio financeiro para transporte, alimentação e também apoio psicossocial e profissional para estes jovens - que já estão todos inseridos no mercado de trabalho.
A Ana Beatriz de Souza Fittipaldi é da Zona Leste de São Paulo, do bairro de Guaianazes. A experiência como jovem aprendiz no CIEE a fez cogitar os cursos de Letras e Psicologia, mas hoje está apaixonada por Sistemas de Informação, trabalhando motivada e com sorriso no rosto. O estágio é em uma empresa multinacional que ampliou os horizontes e abriu um leque de oportunidades para o futuro.
"Sempre sonhei alto, mas com a bolsa de estudos consegui dar um passo enorme muito antes do que esperava. Sempre quis despertar o melhor dos outros, mas hoje consigo me orgulhar do que vejo no espelho. Sei do meu valor"
Conquistas podem ser mensuradas através de pódios, medalhas e troféus, mas também por meio da realização de objetivos que não eram palpáveis há pouco tempo. O Reginaldo Tobias de Oliveira também foi o primeiro da família a entrar na faculdade. Além disso, a bolsa de estudos em Sistemas de Informação marcou o ponto da virada para ele e logo o estágio se tornou emprego efetivado muito antes do esperado.
Hoje o Reginaldo consegue ajudar a mãe e os irmãos que ficaram em Votorantim, no interior de São Paulo, além de auxiliar a família do namorado que o acolheu na capital. Depois de pouco mais de dois anos na faculdade, realizou o maior sonho que tinha e está financiando a tão desejada casa própria.
"Vitória é muito mais do que um gol ou um ponto em um jogo. Há várias maneiras de se conquistar uma vitória. Entrar na faculdade, estar em uma empresa ou até algum bem material que você sempre sonhou ter e não podia"
Parece que o jogo virou...
Quem um dia inspirou estes e tantos jovens dentro das quadras, agora é inspirado por eles na sala de aula. Apoiadora do projeto das bolsas de estudo desde seu início, a multicampeã Fernanda Garay se entusiasmou com a iniciativa e a fez de motivação para também ingressar na faculdade. Uma sensação tão forte quanto estar no lugar mais alto de um pódio.
"Me senti muito inspirada por eles porque estavam passando por alguns desafios que eu imaginava que passaria também. Mas todos estavam muito motivados e quando alguém fraquejava, o restante do grupo puxava de volta. Eles são muito próximos e conectados"
A atleta e agora estudante de Administração esteve presente em diferentes encontros com os jovens, inclusive no evento em que eles celebraram com suas famílias a conquista das bolsas de estudo após participação no edital de seleção, em março de 2022. Mais do que apenas contar sobre tantas batalhas dentro das quadras, ela pôde trocar experiências e absorver muito sobre diversidade, equidade e inclusão.
"Ver esses jovens terem a oportunidade de cursar uma faculdade é acreditar que existe esperança. Ouvir que são as primeiras pessoas da família a ter acesso a uma universidade é a confirmação de tantas estatísticas que vemos por aí. Pretos e pobres não têm os mesmos direitos e oportunidades na nossa sociedade, o que é extremamente lamentável."
As oportunidades para pessoas negras no Brasil esbarram historicamente no acesso a uma educação de qualidade. Esse panorama reforça a importância de projetos que reconhecem e busque formas de superar tais adversidades sociais.
"Democratizar mecanismos de acesso, permanência e regularidade no ensino superior é uma abordagem poderosa para identificar as necessidades dos estudantes e desenvolvê-los. Considerar marcadores sociais como raça, renda, gênero e sexualidade é essencial. Enfrentar esse desafio é crucial para construirmos uma sociedade mais equitativa, justa e inclusiva."
O compromisso social para um futuro mais inclusivo, objetivo que norteia a parceria entre a Nike e o CIEE, também capacita pessoas para mudarem esse cenário. Iniciativas como o projeto de bolsas de estudo abrem portas para que em futuro próximo o Luiz Gustavo, a Daniela, a Ana Beatriz, o Reginaldo e tantos outros estejam à frente de organizações e comunidades, usando o poder do esporte para construir uma sociedade com mais oportunidades para todos.
Fortalecidos pelo espírito coletivo, estes jovens trilham e cultivam caminhos em que o esporte proporciona um terreno amplo de possibilidades. Um ambiente repleto de oportunidades para que se possa crescer e se desenvolver. Um futuro em que vencer tenha cada vez mais significados, para que assim mais jovens possam compartilhar suas vitórias e realizar sonhos.